É preciso conhecer

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domingo, 14 de novembro de 2010

Pesquisa de brasileiros traz esperança para cura do autismo

O Jornal Nacional noticiou nesta quinta uma descoberta promissora para as pessoas que têm autismo: uma disfunção que afeta a capacidade motora, de comunicação e de relacionamento do ser humano. Nesta sexta, o correspondente Rodrigo Bocardi conversou com o cientista brasileiro que chefiou a pesquisa para saber mais sobre essa descoberta.

A criança não se comunica direito. O convívio com as pessoas é limitado. E quando os pais se dão conta, percebem que o filho é portador de um transtorno neurológico: o autismo.

A doença até hoje se mostrou incurável e fez muitos pais se cobrarem achando que não deram o amor necessário ao filho. De San Diego, na Costa Oeste dos Estados Unidos, o pesquisador Alysson Muotri contesta.

Veja o vídeo do JNacional.

Biólogo recriou neurônios a partir de células retiradas da pele de crianças com síndrome de autismo

Biólogo recriou neurônios a partir de células retiradas da pele de crianças com síndrome de autismo

Boston, EUA. O biólogo brasileiro Alysson Muotri, que reproduziu o comportamento dos neurônios de crianças autistas em um pires de laboratório anunciou, ontem, um passo crucial em seu trabalho.

Em estudo a ser publicado hoje na prestigiosa revista "Cell", Muotri da Universidade da Califórnia em San Diego, descreve como "curou" um punhado de células defeituosas com uma droga experimental.

Ao recriar neurônios a partir de células retiradas da pele de crianças com uma síndrome de autismo genética, Muotri identificou características da doença independentes do sintoma comportamental, observando as células vivas em microscópios.

"Isso sugere que a técnica tem um potencial de diagnóstico. É a primeira descrição de um modelo humano que recapitula uma doença psiquiátrica", afirma o cientista brasileiro.

Cautela

O biólogo é cauteloso, porém, quando questionado sobre se seu trabalho é a descoberta de um tratamento para o autismo. A droga usada no experimento, a IGF-1, altera os níveis de insulina no organismo, e pode levar a uma série de efeitos colaterais indesejados caso seja administrada no sistema nervoso de pessoas normais.

Mesmo que a descoberta de um medicamento adequado possa levar décadas, Muotri se diz otimista. Ele está elaborando testes com uma série de outras drogas em um sistema robótico de experimentação, como o que empresas farmacêuticas usam. "Não acho que uma droga conseguiria consertar tudo, no caso de alguém que tenha desenvolvido um problema de cognição e memória mais profundo. Mas mostramos que é possível reverter o estado desses neurônios", afirmou. Muotri está estudando também neurônios reprogramados a partir de células da pele de crianças com outros tipos de autismo.