David Amaral, diretor de pesquisa do Instituto Mind da Universidade da Califórnia em Davis, e a estudante research director of the UC Davis M.I.N.D. Institute, e a pesquisadora da UC San Diego Cynthia Mills Schumann contaram e mediram amostras representativas de neurônios na amídala de nove cérebros post-mortem de homens que tiveram autismo e dez de homens que não sofriam do distúrbio. A idade de ambos os grupos ia de 10 a 44 anos no momento da morte. Quando Schumann e Amaral contaram os neurônios, eles encontraram significativamente menos neurônios - células responsáveis pela criação e transmissão de impulsos elétricos - em toda a amídala e em seu núcleo lateral nos cérebros de pessoas com autismo.
"Enquanto sabemos que o autismo é um distúrbio do desenvolvimento cerebral, porém, onde, como e onde o cérebro autista se desenvolve de maneira anormal vem sendo um mistério", disse Thomas R. Insel, médico e diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental. "Essa descoberta é importante pois demonstra que a estrutura da amídala é anormal no autismo. Juntamente com outras descobertas sobre o funcionamento anormal da amídala, a pesquisa está começando a estreitar a pesquisa pela base cerebral do autismo".
Atualmente afetando uma em cada 166 crianças e principalmente homens, o autismo é um distúrbio neurodesenvolvimentista que dura a vida toda, caracterizado por deficiências sociais e comunicativas. Enquanto o autismo possui claros indicadores comportamentais, tem sido difícil apontar as alterações neurais que causam essas deficiências. Em estudos da década de 80, os pesquisadores começaram a focar na amídala por causa de sua importância na geração de reações emocionais apropriadas e na assimilação de memórias, essenciais para o aprendizado social - funções que são prejudicadas pelo autismo.
Com essa última confirmação de que a amídala é patológica no autismo, Amaral e seus colegas vão determinar agora porque há menos neurônios na amídala e se outras partes do cérebro são afetadas da mesma forma.
"Nós precisamos observar outras regiões do cérebro para descobrir se a perda celular é idiossincrática à amídala ou um fenômeno mais geral", ele disse. "Estamos nos primeiros estágios para entender o autismo e suas patologias neurológicas. É claro que é um processo com muitos passos, mas pelo menos estamos um passo à frente".
Mais pesquisas vão ajudar também a identificar o ponto do desenvolvimento no qual a redução de neurônios realmente ocorre, o que o atual estudo não mostra.
"Uma possibilidade é que há desde sempre menos neurônios na amídala de pessoas com autismo. Outra possibilidade é que um processo degenerativo ocorra mais adiante na vida e leve à perda de neurônios. Mais estudos são necessários para refinar nossas descobertas", afirmou Schumann.
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