Florianópolis discute saúde mental
´Divergências e aproximações` é o tema do I Congresso Brasileiro de Saúde Mental, que acontece de 3 a 5 de dezembro no Centro de Cultura e Eventos da UFSC. O evento pretende congregar, pela primeira vez em um mesmo espaço, profissionais de diversas áreas como saúde pública, psicologia, serviço social e antropologia. Além de palestras e minicursos, estão confirmadas apresentações musicais, oficinas e rodas de conversa. Quase 2.500 pessoas estão inscritas no encontro que terá a apresentação de 1.460 trabalhos científicos.
Entre os palestrantes, o congresso receberá a visita de três pesquisadores estrangeiros: Gregorio Kazi, diretor da Universidad Popular de las Madres de Plaza de Mayo, em Buenos Aires; o cubano Raul Gil Sanches, da Universidad de Havana; e Angel Martinez Hernaes, da Universitat Rovira i Virgili, na Cataluña (Espanha). Outros 58 nomes nacionais de destaque na saúde mental estarão presentes. Entre eles, o médico Adalberto Barreto, que há quase 20 anos trabalha com a Terapia Comunitária, que se propõe cuidar da saúde comunitária em espaços públicos e valoriza a prevenção da saúde mental.
Nova visão sobre a loucura
Segundo Walter Ferrreira, presidente do congresso e professor do Departamento de Saúde Pública da UFSC, o evento pretende aproximar o usuário dos profissionais do sistema de saúde mental no Brasil, trazê-lo para “um espaço de diálogo com quem fala dele”.
Walter alerta que o evento foge do entendimento tradicional da loucura. “O encontro traz a visão da saúde mental como de todos nós. A grande mensagem é que saúde mental não é coisa de louco, extravasa para várias situações de nossas famílias”, informa o professor.
Ele também contextualiza a importância do encontro lembrando que o Brasil passa por momentos de transição nesse campo, com necessidade de definição, integração e operacionalização de novos serviços para substituição do modelo assistencial de tratamento da saúde mental, hoje centrado nos hospitais e institutos psiquiátricos. Segundo ele, a expectativa atual é de que redes de atenção se formem e que pacientes e famílias recebam apoio mais integral.
“Precisamos mudar a lógica de atenção”, defende o professor, lembrando que o congresso será também uma oportunidade de aproximação entre profissionais e ex-usuários do sistema de saúde. Exemplos são as apresentações do grupo de Hip Hop Black Confusion, formado por usuários do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), de Porto Alegre, e da banda Harmonia Enlouquece, criada no Centro Psiquiátrico Rio de Janeiro.
Primeira edição
Esta é a primeira edição do Congresso Brasileiro de Saúde Mental, realizado pela Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme). Criada em 2007 e presidida por Walter, a entidade pretende integrar diferentes áreas, além de incentivar o diálogo entre a comunidade técnica e os serviços de saúde. Segundo o professor, Florianópolis tem se destacado porque “tem um movimento criativo dos usuários, além de profissionais militantes”.
O congresso tem o apoio de diversas instituições públicas, desde a Prefeitura Municipal de Florianópolis até o Ministério da Saúde e o Ministério Público Estadual. Na UFSC, colaboram para o evento o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFH) e o Centro de Ciências da Educação (CED), o Hospital Universitário, as pró-reitorias de Assuntos Estudantis (PRAE) e Pós-Graduação (PRPG), o Gabinete do Reitor e os departamentos de Saúde Pública e Enfermagem, ambos do Centro de Ciências da Saúde (CCS), da UFSC.
Mais informações:
Site do evento: www.congressodesaudemental.ufsc.br/
Presidente da comissão organizadora: professor Walter Ferreira, fone (48) 9608 5271
Por Júlio Ettore Suriano (Bolsista de Jornalismo na Agecom) e Arley Reis (Jornalista da Agecom)
domingo, 30 de novembro de 2008
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