É preciso conhecer

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segunda-feira, 30 de abril de 2012

Síndrome que pode levar ao autismo é revertida em ratos nos EUA

http://noticias.terra.com.br/ciencia/noticias/0,,OI5739696-EI8147,00-Tratamento+experimental+reduz+sintomas+do+autismo+em+cobaias.html

 Síndrome do X Frágil é a forma mais comum de deficiência mental herdada. Inibidor de neurotransmissor usado em ratos diminuiu sintomas da doença.
Do G1, em São Paulo

Um estudo liderado pelo Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT) descobriu um novo componente capaz de reverter vários dos principais sintomas associados à síndrome do X Frágil, a forma mais comum de deficiência mental herdada e uma das principais causas do autismo. saiba mais Casos de demência devem dobrar em 2030, diz OMS Mulheres obesas ou diabéticas são mais propensas a ter filhos autistas Pai mais velho tem maior risco de ter filho autista, diz estudo

 O estudo, publicado nesta quarta-feira (12) na revista científica "Neuron", descreve que foi possível reverter a síndrome em camundongos adultos, após os sintomas já terem sido estabelecidos. Pacientes com a doença sofrem de um complexo conjunto de sintomas neuropsiquiátricos de gravidade variável, que incluem ansiedade, hiperatividade, déficit de aprendizado e memória, além de baixo QI (coeficiente de inteligência), dificuldade de comunicação e convulsões. Estudos anteriores sugeriram que inibir o funcionamento de um receptor cerebral chamado "mGlu5" pode ser útil para melhorar muitos dos sintomas principais da doença. O novo estudo liderado por Lothar Lindemann, do F. Hoffmann-La Roche Ltd, e por Mark Urso, do grupo do Instituto Picower para a Aprendizagem do MIT, usou um remédio que age exatamente para inibir a função dessa área do cérebro para analisar se poderia reverter os sintomas da síndrome. "Descobrimos que, mesmo quando o tratamento foi iniciado em ratos adultos, reduziu uma grande variedade de sintomas da síndrome do X Frágil, incluindo a aprendizagem e déficit de memória e hipersensibilidade auditiva, bem como as alterações morfológicas e anomalias de sinalização característicos da doença", relata Lindemann. Embora a droga não esteja sendo desenvolvida para os seres humanos, os resultados têm significado para os portadores da síndrome, segundo os pesquisadores. "As implicações mais importantes do nosso estudo são de que muitos aspectos da síndrome do X frágil não são causados por uma ruptura irreversível do desenvolvimento do cérebro, e que [essa] correção [na função do receptor] pode proporcionar benefícios terapêuticos generalizados", explica Mark Urso. Os pesquisadores concordam ainda que o trabalho pode lançar luz sobre tratamento da síndrome do X Frágil em humanos no futuro. "Vai ser de grande interesse ver se o tratamento da síndrome do X Frágil em pacientes humanos podem ser tratados de form e magnitude semelhantes como foi sugerido por nossos dados pré-clínicos", concluem Lindemann e Bear.

domingo, 15 de abril de 2012

After Thomas , o filme : Um Amigo Inesperado


Vi e gostei muito do filme: After Thomas, que em português traduziram como: Um Amigo Inesperado.
 É a História de Kyle Gram que é um menino que sofre de autismo. Seus pais fazem de tudo para tentar se comunicar com ele até que o garoto ganha um cachorro e o batiza com o nome de Thomas, aquele trenzinho do desenho animado que ele mais gosta. Através do cão, os pais conseguem criar uma relação com o menino que o ajudará a escapar do seu silêncio. Me identifiquei muito com o filme, pois tenho um filho autista que sempre teve a oportunidade de se relacionar com animais (cães e gatos) e que atualmente com dez anos, está tendo uma experiência, juntamente com um cão e eu, de nos treinarmos mutuamente. Ele e o cão estão tendo uma interação bastante interessante em passeios, com limites e responsabilidades.

Informações Técnicas do filme:
 Título no Brasil: Um Amigo Inesperado Título Original: After Thomas
País de Origem: Reino Unido
 Gênero: Drama
Tempo de Duração: 93 minutos
Ano de Lançamento: 2006
Direção: Simon Shore
 Elenco Keeley Hawes ... Nicola Graham Ben Miles ... Rob Graham Sheila Hancock ... Granny Pat Andrew Byrne ... Kyle Graham Lorraine Pilkington ... Rachel Duncan Preston ... Grandpa Jim Clive Mantle ... John Havers

sábado, 14 de abril de 2012


A engenharia do autismo

Quem é o psicólogo britânico que decidiu procurar entre profissionais da área de exatas as origens do transtorno que afeta a habilidade de se comunicar

MARCELA BUSCATO
POLÊMICO O psicólogo Simon Baron-Cohen. Sem medo de enfrentar controvérsias, ele procura pelas origens do autismo entre pessoas com inclinação para a matemática  (Foto: Brian Harris/Rex Features/Glow Images)
Eindhoven é o principal polo de tecnologia da Holanda. A cidade de 270 mil habitantes concentra duas importantes universidades tecnológicas e dezenas de indústrias de olho nos cérebros privilegiados formados lá. Nos últimos anos, as autoridades de saúde da cidade começaram a se dar conta de uma mudança. Não havia nenhum levantamento oficial, mas os especialistas tinham a sensação de atender mais crianças com autismo, um transtorno de desenvolvimento que atinge principalmente meninos e afeta a habilidade de relacionamento e comunicação.
Os boatos despertaram a atenção do psicólogo britânico Simon Baron-Cohen, de 53 anos, diretor do Centro de Pesquisa em Autismo da Universidade de Cambridge. Baron-Cohen tem fama em seu campo por dois motivos. É primo do comediante Sacha Baron-Cohen, conhecido mundialmente pelo personagem Borat, um jornalista do Cazaquistão politicamente incorreto e dono de um infame traje de banho verde-limão (quem viu não esquece). O segundo motivo que dá fama ao Baron-Cohen cientista e, provavelmente, o que mais lhe agrada são suas teorias polêmicas sobre as origens do autismo. Ele está longe de ser um oportunista. É sempre cauteloso ao explicar a dimensão de suas descobertas. Mas tampouco foge de controvérsias.
Para Baron-Cohen, o aumento de crianças com autismo, possivelmente o caso de Eindhoven, deve-se ao casamento entre pessoas com tendências autistas. Todo mundo conhece alguém assim: é o amigo da faculdade ou do trabalho com interesses muito específicos (pode ser organizar sua coleção de livros sobre trens ou colecionar espécies de um gênero de orquídea). Ele percebe facilmente padrões dispersos pelo cotidiano, como a sequência de funcionamento dos semáforos de uma avenida, e não tem muitos amigos. Segundo Baron-Cohen, pessoas com esse perfil escolhem profissões que aproveitem essa facilidade para captar padrões. Tornam-se engenheiros, matemáticos, físicos, cientistas da computação. “Não estou dizendo que todos os engenheiros e matemáticos são autistas”, afirmou a ÉPOCA Baron-Cohen. “Mas é comum que, entre esses profissionais, existam mais pessoas com características compatíveis com autismo.”

Há uma incidência maior de autismo entre matemáticos"
Simon Baron-Cohen  
Esse tipo de habilidade está presente em todos nós, em maior ou menor grau. Entre os autistas, estaria absolutamente fora do normal. Alguns são capazes de criar fórmulas matemáticas para calcular em que dia da semana caiu uma data passada e quando cairá no futuro. Nos profissionais das ciências exatas, “grandes sistematizadores”, segundo Baron-Cohen, essa capacidade estaria na fronteira entre o normal e o fora do comum. “Talvez, eles tenham apenas alguns dos genes do autismo e manifestam só algumas características”, diz. Como são atraídos por um tipo específico de profissão, se concentrariam em polos tecnológicos, onde conheceriam mulheres com interesses semelhantes e, provavelmente, também com alguns dos genes do autismo. Ao se casarem, teriam filhos autistas ao unir suas cargas genéticas.
O caso de Eindhoven parecia a oportunidade perfeita para Baron-Cohen reunir evidências em favor de sua tese. Ele pediu que as escolas da cidade informassem o número de crianças autistas matriculadas. Fez o mesmo com escolas de outras duas cidades holandesas de tamanho semelhante – Haarlem e Utrecht –, mas cujas economias não são baseadas no setor tecnológico. A conclusão do estudo, divulgado há pouco mais de dois meses em uma importante publicação sobre autismo, parece confirmar as suspeitas de Baron-Cohen. Em Eindhoven, há entre duas e quatro vezes mais casos do que em Haarlem e Utrecht. A pesquisa foi a primeira a comparar a prevalência de autismo em um polo tecnológico com cidades de perfil econômico diferente. E, portanto, a provar cientificamente a relação. Mas a suspeita não é nova.
O primeiro caso a chamar a atenção foi o da Califórnia, Estados Unidos. O Estado engloba o Vale do Silício, região que concentra algumas das principais empresas de tecnologia do mundo, como o Facebook, o Google e a Apple. Entre 1987 e 2007, segundo estatísticas do governo americano, o número de diagnósticos de autismo aumentou 1.148%. A população cresceu só 27%. A ideia de que os pais de crianças com autismo tenham formas atenuadas da condição paira sobre o campo da psiquiatria desde o final da década de 1980. Mas foi Baron-Cohen que tomou para si a tarefa de provar ou refutar a teoria. Em sua busca pelas origens do autismo, já analisou milhares de familiares de matemáticos e engenheiros. As conclusões reforçam sua tese. Entre 1.405 parentes de estudantes de matemática, ele encontrou sete casos de transtornos semelhantes ao autismo. Nas famílias de universitários de outras áreas, achou apenas dois. Em um estudo com crianças autistas, a probabilidade de que o pai da criança ou um dos avôs fosse engenheiro era duas vezes maior.
A teoria, claro, é polêmica. “Esses achados precisam ser reproduzidos por outros estudos para que sejam considerados”, diz a psiquiatra Letícia Amorim, da Associação de Amigos do Autista. Os cientistas não têm certeza nem das origens genéticas do autismo. Não sabem se o transtorno é causado por dois ou 200 genes. Logo, é difícil procurar por eles entre matemáticos e engenheiros. Além disso, existe a dificuldade de fazer o diagnóstico.
Há um espectro de condições relacionadas ao autismo, algo parecido com uma escala. Pessoas com as formas mais graves têm quociente menor de inteligência, não desenvolvem a linguagem e não conseguem se relacionar. Na outra ponta da escala, os pacientes podem ter o quociente de inteligência acima da média da população e menos dificuldade para interagir socialmente. Baron-Cohen acredita que os físicos Albert Einstein e Isaac Newton, criadores das teorias que explicam o Universo, estavam nesse extremo do espectro, uma síndrome conhecida como Asperger. Em alguns casos, a fronteira entre a síndrome e o considerado “normal” é tão tênue que é difícil saber se pais de crianças autistas, possivelmente os matemáticos e engenheiros da teoria de Baron-Cohen, também não são eles mesmos Aspergers. Isso torna ainda mais complicado provar a teoria das tendências autistas.
Baron-Cohen diz que toda essa polêmica é por bons motivos. Porque ajuda os especialistas a entender como os autistas pensam e a refinar estratégias de aprendizagem destinadas a crianças com o transtorno. Além disso, serviria para mudar o olhar da sociedade. “Ao mostrar que esses traços podem estar presentes em profissionais, percebemos que o autismo engloba habilidades e até talentos”, diz.
 








http://revistaepoca.globo.com/Saude-e-bem-estar/noticia/2011/09/engenharia-do-autismo.html