É preciso conhecer

É preciso conhecer

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Livro : Natação para autistas



Trabalhar com educação especial, ainda mais com autistas, é um desafio. Desafio prontamente aceito pela professora de educação física Carolina Aparecida de Castro Granato, de Volta Redonda. Ela começou a trabalhar com natação para autistas em 2002, quando fazia pós-graduação em educação especial. “Já trabalhava com autismo desde 1999, e com natação há mais tempo. Estava fazendo pós, e fui pesquisar sobre o assunto. E eu não achava material, nada havia sido publicado no Brasil”, diz. Em 2003, ela começou a escrever. “Escolhi o assunto pela afinidade que tenho com o tema, e também pela falta de referências bibliográficas que eu constatei”. Resultado: lançou o livro “Natação Para Autistas”. Em seu livro, Carolina inicia falando sobre os conceitos da natação. “A natação não é só o nado, técnico. É muito mais do que isso. Faço essa explicação até para evitar qualquer interpretação errada, pois o autista não vai sair nadando. A aula, para ele, é um processo para ajudar no tratamento, na socialização”, explica. - Depois, eu conceituo o autismo. Falo de diagnóstico, teorias, dou dicas de ensino para pessoas que são portadoras da doença. Ao final, falo sobre a minha experiência com natação para autistas. As etapas de adaptação, como foi no fundo, como foi no raso, a resposta de cada um - detalha.Carolina também comenta resultados: “Fiz uma análise da habilidade aquática no início, depois com três meses de aulas, e depois com seis. Ao final, eles já estão nadando, mostrando uma afinidade muito grande com a água”. A professora dá aulas no Parque Aquático Municipal. Segundo ela, o diferencial está na composição das turmas - as aulas são individualizadas. “Também usei a metodologia nas turmas regulares”, diz. “Mas é importante ressaltar que os autistas têm menor capacidade de concentração, são hiper-ativos. Então evito o excesso de material na piscina e trabalho a concentração e a comunicação, dando limites e regras”, explica, ressaltando que o essencial é trabalhar com eles o “olho no olho”. Nas aulas, há música, apreciada pelos alunos. “Eles respondem muito bem”, enfatiza.Quando um novo aluno se matricula, há todo um processo, em que é feita uma entrevista com os responsáveis. “Perguntamos qual a relação que o paciente tem com a água, além de rotina, medicamentos. E é unanimidade: todos eles têm uma boa relação com o meio aquático”, destaca Carolina.- O melhor de trabalhar com essas turmas especiais é o carinho que eles sentem. Isso é a maior recompensa, principalmente quando vem dos autistas. Ao contrário do que muitos pensam, eles têm sentimentos sim, mas possuem dificuldade para lidar com eles, para expressá-los. Então, quando a gente sente isso vindo deles, todo o carinho, isso não tem preço. O LIVRO - “Natação Para Autistas” foi lançado no início do mês, apresentado no Fórum Internacional de Saúde, Esporte e Lazer, no Sesc (Serviço Social do Comércio), no Rio de Janeiro. “Até onde me consta, não há ainda nenhuma literatura sobre o assunto, nem mesmo na Internet, então estou estudando com a editora a viabilização do livro para vendas na rede também, pelas lojas virtuais”, diz a autora, destacando que a primeira edição está praticamente esgotada.Carolina é formada em educação física pelo UniFOA (Centro Universitário de Volta Redonda), com pós-graduação em educação especial pela Universidade Gama Filho. Um pouco sobre o autismo• O QUE É - Autismo é uma desordem na qual uma criança jovem não pode desenvolver relações sociais normais, se comporta de modo compulsivo e ritualista, e geralmente não desenvolve inteligência normal. O autismo é uma patologia diferente do retardo mental ou da lesão cerebral, embora algumas crianças com autismo também tenham essas doenças. Sinais de autismo normalmente aparecem no primeiro ano de vida e sempre antes dos três anos de idade. A desordem é duas a quatro vezes mais comum em meninos do que em meninas. • CAUSAS - A causa do autismo não é conhecida. Estudos de gêmeos idênticos indicam que a desordem pode ser, em parte, genética, porque tende a acontecer em ambos os gêmeos se acontecer em um. Embora a maioria dos casos não tenha nenhuma causa óbvia, alguns podem estar relacionados a uma infecção viral (por exemplo, rubéola congênita ou doença de inclusão citomegálica), fenilcetonúria (uma deficiência herdada de enzima), ou a síndrome do X frágil (uma dosagem cromossômica). • CARACTERÍSTICAS - Dificuldade na interação social: dificuldade acentuada no uso de comportamentos não-verbais (contato visual, expressão facial, gestos); dificuldade em fazer amigos; apresenta dificuldade em compartilhar suas emoções; dificuldade em demonstrar reciprocidade social ou emocional. Prejuízos na comunicação: atraso ou falta de linguagem verbal; para aqueles onde a fala é presente, verifica-se uma grande dificuldade em iniciar ou manter uma conversa; uso estereotipado e repetitivo da linguagem; falta ou dificuldade em brincadeiras de “faz de conta”. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades: preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados; assumir de forma inflexível rotinas ou rituais (ter “manias” ou focalizar-se em um único assunto de interesse); maneirismos motores estereotipados (agitar ou torcer as mãos, por exemplo); preocupação insistente com partes de objetos, em vez do todo (fixação na roda de um carrinho, por exemplo).
••• Fontes: ABC da Saúde e Wikipédia
Serviço
Natação Para Autistas -
De Carolina Aparecida de Castro Granato.
Editora Publit; 84 páginas.
Preço médio: R$ 20,00. O livro está sendo vendido pela própria autora. Contato: (24) 9904-115
 .
 novo e-mail da autora: Carolina Granato carolgranato@gmail.com
Pessoal façam contato diretamente com ela para compra do livro. Apenas divulguei a matéria , OK?
Marcio Vieira

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diagnóstico mais rápido de autismo

Novo método em estudo na Fiocruz poderá permitir o reconhecimento da doença mais cedo, o que facilita e melhora o tratamento

Rio - Um método computadorizado de mapeamento de cérebros de autistas, desenvolvido no Hospital Fernandes Filgueira, da Fiocruz, pode abrir caminho para o diagnóstico da doença, hoje feito apenas pela observação dos sintomas. Pesquisadores descobriram, por meio de eletroencefalograma digital, características que não eram percebidas nos cérebros em repouso.

“Observamos, por estímulos luminosos em diferentes frequências, que o lado direito do cérebro dessas crianças responde mais do que o lado esquerdo”, explicou o pesquisador russo Vladimir Lazarev, orientador do trabalho.
A identificação da doença é uma das primeiras barreiras enfrentadas por autistas. Como parte dos que apresentam o problema desenvolvem inteligência e linguagem normais, o diagnóstico tardio pode provocar demora nos cuidados.

Hoje, o diagnóstico é feito, em média, quando a criança está com 3 anos de idade. A identificação precoce pode permitir que o tratamento — voltado para as ações comportamentais — seja antecipado, permitindo melhor desenvolvimento e maior socialização. “Se chegarmos a uma conclusão positiva, o estudo será muito útil. O exame não irá substituir a avaliação clínica, que é fundamental, mas poderá ser uma ferramenta a serviço dos médicos”, explicou o neurologista infantil Adaílton Tadeu Alves, que integra o grupo de trabalho.

A pesquisa deve estar concluída em 2011. Na primeira etapa, já publicada no Internacional Journal of Psychophysiology, foram analisados cérebros de 16 autistas que não apresentam retardo mental.

“O autista recebe tratamento de psicólogos, fonoaudiólogos e, quando necessário, medicamentos (para agressividade). Quanto antes forem desenvolvidas suas habilidades, melhor para os pacientes”, avaliou a psicóloga Letícia Vargas

http://odia.terra.com.br/portal/cienciaesaude/html/2009/5/diagnostico_mais_rapido_de_autismo_12574.html

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Uma Solução para o Autismo - Iniciando a Aplicação do Programa Son-Rise

Caros amigos : Ai está mais um método que está sendo muito utilizado e divulgado. Eles tem um marketing bem agressivo e um sistema muito comercial. Um projeto bem norte-americano. Não estou avalizando tudo que eles dizem, nem tenho condições e conhecimento do método para isso. Estou apenas divulgando e democratizando a informação. Acredito que tudo que ajuda a sistematizar conhecimento sobre o autismo pode ser interessante e útil.
Ainda mais que vai ter um curso aqui em Florianópolis.
Marcio Vieira de Souza


Veja este mês em nosso site:
Novo vídeo "Uma Solução para o Autismo - Iniciando a Aplicação do Programa Son-Rise".

Lembrete:
Valor promocional até 22 de maio para o Workshop de Introdução em Florianópolis.


Atenciosamente,

A Equipe da Inspirados pelo Autismo

Novo Vídeo Legendado do Son-Rise

A partir de hoje, você pode assistir gratuitamente ao novo vídeo, "Uma Solução para o Autismo - Iniciando a Aplicação do Programa Son-Rise". O vídeo descreve algumas técnicas fundamentais da metodologia e é ilustrado por trechos de sessões Son-Rise com 5 pessoas que apresentam diagnósticos dentro do Espectro do Autismo. Todas as sessões são facilitadas por profissionais certificados do Programa Son-Rise.


Agradecemos as contribuições oferecidas pelos participantes do grupo Son-Rise Brasil do Yahoo durante a tradução e legendagem do vídeo. Esperamos que vídeo seja útil para muitas famílias e profissionais ligados a pessoas com autismo.

Clique aqui para assistir ao vídeo agora!

Workshop de Introdução (Nível I)
Junho - Florianópolis

Um workshop de 2 dias para o aprendizado dos princípios e técnicas que possibilitem a imediata e efetiva implementação da abordagem lúdica e amorosa do Programa Son-Rise. Participação aberta a familiares e profissionais.

Valor promocional até 22 de maio!

DATAS
20 e 21 de junho de 2009
9:00 às 18:30

LOCAL
Auditório do Hotel São Sebastião:
Av Campeche, 1373
Praia do Campeche
Florianópolis - SC
88063 - 300
(Visualizar o local)
Sugestões de hospedagem

MINISTRANTE
Mariana Tolezani, Facilitadora Certificada do Programa Son-Rise com formação no Autism Treatment Center of America, em Massachusetts, EUA.

VALOR DE INSCRIÇÃO
Até 22/05: R$380,00 por participante
(O valor já INCLUI os 2 Almoços e 4 Coffee Breaks)

A partir de 23/05: R$450,00 por participante
(O valor já INCLUI os 2 Almoços e 4 Coffee Breaks)

DESCONTOS
50% de desconto para o cônjuge na opção "pacote casal" (identificação será exigida no dia: RGs e certidão de casamento ou certidão de nascimento da criança)


FORMAS DE PAGAMENTO
Com o objetivo de facilitar o pagamento da inscrição por parte dos participantes, disponibilizamos as seguintes formas de pagamento através de PagSeguro, um serviço da UOL para a realização de pagamentos seguros através da internet:


✦Pagamento à vista através de transferência bancária, boleto ou cartão de crédito.


✦Pagamento parcelado no cartão (6 tipos de cartão) em até 15 vezes!

Clique para visualizar a programação do evento e para se inscrever.


Mais informações no site: www.inspiradospeloautismo.com.br
Contate-nos através de: info@inspiradospeloautismo.com.br

Estamos constantemente buscando aperfeiçoar nossos serviços. Suas sugestões e feedback são bem-vindos.

Atenciosamente,

Mariana Tolezani e a Equipe da Inspirados pelo Autismo

Autistas podem ser atendidos pelo Sistema Único de Saúde

Cuiabá / Várzea Grande,

Da Redação

O Sistema Único de Saúde de Mato Grosso poderá ser credenciado a prestar atenção integral ao diagnóstico precoce e ao tratamento dos sintomas da Síndrome do Autismo. As diretrizes para tratar desse assunto estão sendo discutidas na Assembleia Legislativa. Em todo o Brasil, mesmo no setor privado, são raros os centros capacitados para lidar com os autistas. Entre as diretrizes expostas no projeto de lei está o envolvimento e a participação da família do portador da síndrome e da sociedade civil. O autista terá direito à medicação e a equipes multi e interdisciplinares para tratamento médico nas áreas de pediatria, neurologia, psiquiatria e odontologia.

Eles terão direito ainda à assistência psicológica, fonoaudiológica e pedagógica; a terapia ocupacional, a fisioterapia e a orientação familiar e, também, ensino profissionalizante e de inclusão social. De acordo com o deputado Nilson Santos (PMDB), autor da proposta, o poder público poderá firmar convênios com entidades e clínicas afins, visando o repasse de recursos para custeio ou remuneração de serviços.

“Os maiores problemas enfrentados pelos pais e mesmo pelas entidades voltadas ao tratamento são os elevados custos. Isso se dá quando é necessária uma gama muito alta de profissionais e também à falta de recursos financeiros para a compra de medicamentos”, explicou o parlamentar.

Na proposta, as ações programáticas relativas à Síndrome do Autismo, assim como às questões a ela ligadas, serão definidas em normas técnicas e elaboradas pelo Executivo. Já as direções do SUS, Estadual e Municipais, garantirão o fornecimento universal e gratuito dos medicamentos, além do tratamento sob todos os aspectos, com a disponibilização de profissionais das diversas áreas.

Os sinais e os sintomas característicos aparecem antes dos três anos de idade e, de cada 10 mil crianças, entre quatro a 20 apresentam a síndrome. Ainda não há dados estatísticos precisos com predomínio em indivíduos do sexo masculino e feminino.

Entre 75% a 80% das crianças autistas apresentam algum grau de retardo mental, que pode estar relacionado a diversos fatores biológicos. O autismo não tem cura, entretanto o portador da síndrome pode ser tratado e desenvolver suas habilidades de uma forma mais intensiva do que outra pessoa que não apresente o mesmo quadro e, então, assemelhar-se muito a essa pessoa em alguns aspectos de seu comportamento.

A Síndrome do Autismo, ou simplesmente autismo, foi conceituada pela primeira vez em 1942 pelo médico austríaco Leo Kanner, especialista em psiquiatria pediátrica radicado nos Estados Unidos, como sendo uma patologia da linha das psicoses.

Hoje, a síndrome é definida como um conjunto de sintomas de base orgânica, com implicações neurológicas e genéticas. O termo “autismo” refere-se ao significado “ausente” ou “perdido”. Segundo a American Society for Autism – ASA - é uma inadequacidade no desenvolvimento e se manifesta de maneira grave e incapacitante por toda a vida, caracterizando-se pelo funcionamento anormal em três áreas: de interação social, de comunicação, e de comportamento restrito e repetitivo.
http://www.odocumento.com.br/noticia.php?id=296788

terça-feira, 5 de maio de 2009

Fiocruz desenvolve exame para diagnosticar autismo

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil



Brasília - O Instituto Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), desenvolve metodologia para a elaboração de diagnóstico da síndrome de autismo por meio de exames laboratoriais com aparelhos de eletroencefalograma computadorizado.


Já utilizado no diagnóstico de outras síndromes, o exame amplia e mede as correntes eletromagnéticas no cérebro em diversas freqüências (de 3 a 27 hertz) e permite verificar as ligações entre os grupos de neurônios. Segundo os pesquisadores da Fiocruz, as vantagens do exame são custo acessível e disponibilidade da tecnologia em vários hospitais e postos de saúde no Brasil.

De acordo com o coordenador da pesquisa, o neurologista infantil Adaílton Tadeu Alves de Ponte, a análise de dados já permitiu verificar que as respostas no hemisfério cerebral direito têm uma amplitude menor que o esquerdo, ou seja, “há uma deficiência de ativação do hemisfério direito em relação ao hemisfério esquerdo, quando se compara com as crianças que não apresentam o mesmo problema”.

Segundo o médico, o hemisfério direito está associado às funções socioafetivas, emocionais, de empatia e de percepção do contexto e compreensão social, enquanto o hemisfério esquerdo é mais envolvido com o cálculo e o raciocínio.

Estimativas internacionais mostram que a ocorrência da síndrome pode ser de uma em cada 500 crianças até uma em cada mil crianças. O autismo tem uma incidência maior sobre meninos - 70% das pessoas com autismo são do sexo masculino.

Adaílton Tadeu explica que a ciência ainda não sabe porque ocorre o autismo. O grupo de pesquisa trabalha com a hipótese de que é um fenômeno de causa genética, associada a mecanismos alérgicos não identificados e desenvolvidos ainda no útero, durante a gestação. Esses processos desencadeiam inflamação que altera o desenvolvimento do cérebro e as ligações no hemisfério direito.

A síndrome do autismo foi descoberta simultaneamente, na década de 1940, por dois médicos de origem austríaca, que trabalhavam separadamente: Leo Kanner, erradicado nos Estados Unidos, e Hans Asperger, que permaneceu na Europa durante o período da Segunda Guerra Mundial. A palavra autismo foi criada pelo psiquiatra suíço Paul Eugen Bleuler para descrever a “fuga da realidade” observada em alguns indivíduos.

Segundo o Ministério da Saúde, há grande variabilidade de sintomas autistas (espectro), sendo possível identificar desde pessoas muito comprometidas até pessoas com alto grau de desempenho e com habilidades especiais (os chamados asperger, em homenagem a um dos descobridores da síndrome).

Na rede pública, o atendimento às pessoas com autismo deve ser feito em um dos 1.300 Centros de Atenção Psicossocial que, segundo o ministério, contam com equipes multiprofissionais (médicos, enfermeiros, psicólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, professores de educação física).

Projeto Genoma estuda genes relacionados ao autismo

Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil


Brasília - Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) ligados ao Projeto Genoma estão fazendo pesquisas para compreender o funcionamento dos neurônios nos portadores da síndrome de autismo. Os pesquisadores já conseguiram decifrar três genes relacionados à ocorrência de autismo. Os estudos dos cientistas foram publicados no começo deste ano na revista científica Brain Research.

Conforme a bióloga Maria Rita Santos e Passos Bueno, do Centro de Estudos do Genoma Humano (Departamento de Genética e Biologia Evolutiva - Instituto de Biociências), “já há um consenso internacional de que o autismo depende de fatores genéticos. Acredita-se que há vários genes que possam estar associados ao autismo”.

Segundo ela, o autismo é uma doença complexa e heterogênea, causada por diversas alterações genéticas. “Algumas formas de autismo são associadas a síndromes genéticas bem estabelecidas, como por exemplo a síndrome do 'x frágil' [alteração do cromossomo x], que é uma síndrome relacionada ao retardo mental”, afirma.

Estudo desenvolvido pela equipe da bióloga com mais de 250 portadores de autismo verificou a recorrência de variações entre a quantidade de receptores de serotonina e a própria substância (que atua como neurotransmissora e está relacionada com emoções e com o sono). De acordo com Maria Rita Bueno, verificou-se a disponibilidade de mais serotonina do que de receptores. Há mais “chaves” que “fechaduras”, simplifica.

“Possivelmente, há muitos mecanismos genéticos que podem levar ao autismo. Casos que podem ser determinados por erros em genes específicos ou por pequenas variações que estão no genoma que chamamos de SNPs. Vários desses SNPs em alguns genes levam ao autismo”, explica a bióloga.

Os pesquisadores da USP conseguiram verificar variações e decifrar três genes relativos à síndrome do autismo (neurogulin 3; neurogulin 4 e shank 3). As pesquisas da USP são feitas por meio da observação, com microscópio, de neurônios forjados a partir da liagem de células-tronco obtidas em dente de leite de crianças portadoras de autismo.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A música é eficaz em tratamentos físicos, emocionais e mentais

Kamilla Farias de Melo

A música está presente na vida de todos. Cada um tem seu som preferido e caracterizado para cada ocasião: refletir, dançar, descansar e até autoconhecimento. Os ritmos provocam respostas motoras, impulsionando expressões corporais. As letras despertam emoções e sentimentos. Esses efeitos levaram a música a ser cada vez mais incorporada às práticas terapêuticas. O tratamento que utiliza a música como terapia é chamada de musicoterapia.

A musicoterapia pode ser trabalhada nos tratamentos tanto de ordem física quanto emocional e mental. Qualquer pessoa pode ser tratada com musicoterapia sem restrições de idade. Esse método vem sendo utilizado há séculos. Algumas obras de filósofos gregos pré-socráticos registram o uso da música como terapêutico, mas a disciplina de musicoterapia teve início apenas no século XX, em vários países da Europa e nos Estados Unidos após as duas guerras mundiais. No Brasil, o primeiro curso de graduação em musicoterapia foi criado em 1975, no Conservatório Brasileiro de Música, do Rio de Janeiro. Em Brasília, começou há cerca de cinco anos com o trabalho de alguns especialistas e, há dois anos adquiriu maior força com cursos de especialização. No Distrito Federal apenas a Faculdade de Ensino e Pesquisa de Ciências da Saúde do DF (FAPECS) está oferecendo a especialização por meio do Instituto Vida Una. Para quem quiser fazer graduação ou mestrado o local mais próximo é a Universidade Federal de Goiás (UFG).

Segundo a musicoterapeuta Mônica Zimpel, hoje, em Brasília, atuam cerca de oito profissionais com graduação completa, estimando que até o final do ano se formem mais 30 profissionais na cidade. Mônica é graduada pela Faculdade de Artes do Paraná, trabalha há 12 anos com musicoterapia. Atualmente atende monitoras de creche em São Sebastião, é supervisora de estágios no curso de pós-graduação em Musicoterapia do Instituto Vida Uma e tem um consultório particular na Asa Sul. A terapeuta conta que uma das experiências mais marcantes de sua carreira foi com uma senhora viúva portadora do vírus HIV, adquirido pelo marido. A paciente estava em depressão e descobriu na música estímulo para viver. "Encontrou motivação para cuidar-se, envolveu-se em várias atividades em sua comunidade religiosa, exercícios físicos, cuidados alimentares e medicamentosos. Isso deu a ela um controle importante sobre o vírus no seu organismo", conta Mônica.

Para se tornar um musicoterapeuta é necessário conhecimento e domínio da música antes de fazer a formação propriamente dita. Durante a graduação, o aluno estudará a anatomia e fisiologia humana, psicologia, psicopatologia, psicoacústica fisioterapia, fonoaudiologia, filosofia, antropologia, história da música, métodos de musicalização, folclore, atividades criativas de apoio à música, expressão corporal, técnicas de terapia em grupo e tantas outras disciplinas necessárias a fundamentação científica desta profissão, principalmente métodos de educação musical com equilíbrio entre explorações dos sons corporais, vocal, ruídos, instrumentos rítmicos, melódicos e harmônicos. Há professores de música sem especialização em musicoterapia que facilmente adquirem técnicas e dão aulas à alunos especiais.

O professor de canto Paulo Beissá há três anos dá aulas a Carlos Felipe, um rapaz autista que tem 26 anos. "Carlos Felipe me exige mais atenção e flexibilidade nos métodos de ensino, mas o considero muito afinado e um dos alunos mais disciplinados", diz Beissá, com orgulho do aluno. Deusina Lopez, mãe do rapaz, diz que a música é um canal aberto para escuta, visão e sensações que qualifica a comunicação e interação social do seu filho, melhorando a qualidade de vida. "Conceitos e valores como amor, esperança, medo, futuro, temas de difícil compreensão para autistas, foram compreendidos pelo Felipe a partir das letras de música. Ele pergunta: O que é nova era glacial? (referência a uma canção de Tim Maia). O que é a gente era feliz e não sabia? (expressão cantada pelos Fevers)", conta Deusina.

Musicoteraupeuta desde setembro e professora de música há 14, Maridélia Matos teve a primeira experiência com a terapia ajudando gestantes com gravidez de risco. "A música é capaz de romper bloqueios relacionais e facilitar a emergência de situações conflituosas por meio da improvisação, criação, interação e autoconhecimento", diz. Hoje, Maridélia dá aulas de piano a uma senhora de 68 anos que sofre com a doença de Alzheimer. "A música a ajuda na atenção e concentração trazendo memórias do passado e atuais", afirmou.

Apesar de todos esses benefícios a musicoterapia ainda não é regulamentada no Brasil. O projeto de Lei 25/05 que regulamenta a profissão já foi aprovado pelo Plenário do Senado no dia 7 de outubro, faltando agora apenas a sanção do presidente da República. A União Brasileira de Musicoterapia (UBAM) está com uma manifestação em prol da aprovação. Quem quiser colaborar pode ter mais informações no site da UBAM: www.ubam.mus.br.

Publicado em 04/11/2008 por http://www.universoautista.com.br/autismo/modules/news/article.php?storyid=508